quinta-feira, 31 de março de 2011

0+1

O que foi criado?
Eu vejo o inesperado,
sem esperança.
Não vejo mais Deus com olhar de criança.

O que é feito?
O desrespeito,
da condição humana.
E neste atoleiro, afundo, e apenas deslumbro mais lama.

O que há espelho?
Me trás o defeito,
da face desfigurada.
Me sinto degradado, infame, sem almejar mais nada.

O que sou eu sociedade?
Lhe garanto que, sem idoneidade,
perplexo e adverso.
Caminhando, galgando um rumo sem estrada.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Apenas o então

Oh... essa noite,
bela, encantadora,
expele uma magia
que por sinal meus olhos não veem.

A noite que trata,
explora, demonstra,
e me dá...
que por sinal minhas mãos não recebem.

Aqui, estagnado no portão
olho a rua do subúrbio,
fito o orelhão quebrado,
sinto-o, mas não diante do seu grito de pane.

Clamo, clamam, e clame...
todos em um imerso deslumbre
na metrópole tardia,
e todos... esperançosos pelo novo dia.

Hoje

Estou infecto,
infecção de "o amor a pátria",
e perdido ao encontro.

Estou divergindo
de um parâmetro,
onde não sei o que é começo.

O final é oculto,
e manter os morais...
jaz a moral.

Sou torpe,
e o que me entorpecia... sem efeito.

...

Estou como humano
e minha sapientia não faz direito.
E agora?

quarta-feira, 16 de março de 2011

À noite

Eu, e meu cigarro na calada,
da noite...
porque Braudel nem citou,
Foucault talvez imaginou.

Eu, e meu cigarro na calada,
da noite...
porque Rabelais nem sabia,
Lessing talvez entendia.

Eu, e meu cigarro na calada,
da noite...
porque Homero nem tentou,
e Heródoto talvez propiciou.

sábado, 5 de março de 2011

Cotidiano

"Boa noite minha amiga, nos falamos amanhã. Beijo."
É com grande alegria que eu falo com ela, pessoa especial que apareceu em minha vida, e me ajuda muito aqui na cidade doida e bela: São Paulo. De repente um puxão em minha bolsa, anteriormente já ouvia um transeunte cantando um "funk" e logo veio a sensação, "eu serei assaltado", é, de fato esse puxão em minha bolsa...  eu queria conseguir descrever este assalto, mas estou fatigado, sem animo. Mas deixo o seguinte, algo que sempre falo, não sei se criei, ou ouvi de alguém, eis: "A necessidade não faz o ladrão, faz mais um trouxa na sociedade"

Supressão, submissão, decadência, degradação, sentir-se um lixo, ou melhor mais um produto no mercado de trabalho; transformar-se, adaptar-se, e ver que nada muda, o medo, ó... o medo. Glorificar-se... como ser-humano. Quanta importância, não?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Agora já era...

O inicio:
"Maybe in another life
I could find you there
Pulled away before your time
I can't deal it's so unfair
(...)

And it feels
And it feels like
Heaven's so far away
And it stings
Yeah it stings now
(The) world is so cold
Now that you've gone away
Gone away, gone away, yeah yeah yeah yeah yeah
(...)"

(Gone Away, The Offspring)

O meio:

Dou inicio deste escrito com essa música, eu queria tanto te contar como é a vida em São Paulo, como eu conheci o Copan - que tem uma rua com o nome de minha cidade natal, Unaí -, não dá mais. A vista - que o paulistano não admira - do terraço Itália é maravilhosa, omnipotente.  Isso não é a tentativa de lhe evocar, do contrário é só um desabafo. Espero, e tenho quase certeza que você não verá nada disso - e que assim seja -, pois ao término merecemos o descanso, a paz. Aqui acontece tudo e nós vamos enfrentando, mediocrizando-nos, convivendo... c´es la vie.

O fim:

Mas de tudo não posso também clamar por nada, me instauro como um infame, sem o infante que em outrora teve. Hoje, o presente não é mais deslumbrante, o prêmio não é mais agraciado, o suvenir é desprezado.


O adendo:

Agora já era...