quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Coisas

O que me consola,
é o nada
de tudo que eu fiz.

Não há,
senão perdição nos atos.

O que me transtorna,
é tudo,
diante de nada em que eu agi.

Não há,
senão lapso diante dos fatos.

A reviravolta, não há sequência...
nada, apenas impertinência
para você.

O eu volta, perdido, imaturo,
pois, apenas sou
consequência das falhas,
em um passado que não se vê.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eu

Se há plenitude... é com você que eu descobri.
Ao nos conhecermos,
não havia muita noção de quem era quem,
tal noção apenas o espelho detinha.
Eu tinha, tive e tenho os tempos,
os deslumbres, os sabores, os cheiros.
E cada palavra dita e escutada por você.


Em nossos erros, acertos, passos da caminhada,
éramos, somos, e seremos:
parceiros ou criminosos,
benfeitores ou heróis, amantes e amados,
por eles, elas, outros e outras.


Nossos beijos foram intensos,
nossas mentiras - que bom - passageiras (aprendemos),
nossas paixões eternas, nossos amores infinitos,
nossas virtudes diversas, e até enlouquecidas,
nossos vícios enlouquecedores, e até divertidos...
nossos ódios nada, e até, apenas nada.


As crianças criadas, os meninos e meninas,
os homens e as mulheres...
nós homem, e você mulheres.


Pois ser, não é questão dos outros,
mesmo que para outros, os outros que
determinam e determinarão.
Influenciáveis, infames...
Mas nós, eu e você,
inerentes, sagazes, tocadores da alvorada,
acompanhamos o florescer do além.


Pois ser, apesar do eu, para si,
nós...
é tudo. E somente, surreal:

singular.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lucidez

É olhar longo,
continuo e fixo
diante de algo para nada.

O andar é zonzo,
lento, arrastado,
sem ponto de partida... sem chegada.

É paladar amargo,
docemente azedo,
liquido, sólido, sem distinção nenhuma.

O passo é curto,
dentro de um estreito.
O suspiro se confunde
e a respiração se ausenta.
O cheiro... tudo inodoro.

Ouço, mas
é silêncio, tudo quieto...
e mantém-se quieto.

Se perde ou se encontra,
não há busca, não há fim,
não há infinito,
sem tempo, nem momento.

A Verdade

Me indicaram um monte,
tipo aquilo, aquela coisa,
mas eu tô afim e ouvindo Clarice, Moska, meio assim,
meio sei lá... meio bêbado.

Eu só sei que acabou e a escolha foi minha,
foi decisão, não houve impedimento,
então eu fui:
errado, certo.

Fui...

E daí eu sou, estou, simplesmente,
complexamente
impossível de interpretar corretamente.

São eles do meu lado,
são eles do seu.
Sem guia:
segue.
Você,
então ouse o que quiser.
Faça, então, o que der.
Vá, porém, para onde propor.

Essa é o que é...
é o que quiser,
é o que der,
é o que propor.

Sua disposição,
convicção,
opinião.

Eu sei lá,
sou senão
mentira.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Então é isso

E então,
não foi apenas outro anoitecer.
Era e houve um anseio que me acometeu,
o rotineiro me atrapalhou, isto ainda é certeza.

Mas o diverso me encantou cada vez mais.
Por estradas, vias e ruas, eu caminhava pela emoção.
E entre seus dedos,
o encanto tecia em sua palma da mão o meu senso.

Atentei-me, pois seus olhos me traziam vícios,
e uma fugacidade que me consumia.
Mas a velocidade de tudo não me agradava.
Necessitava da lentidão, e em seus sentimentos...
você quis densidade.

Eu quis o que foi,
o agora...
o após.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Então que seja pouco

As coisas estão erradas.
Foram feitas erradas...
e eu estou tentando concertar.

Mas é difícil, e acho
que a forma de concertar é dar espaço
e continuar caminhando...

O fato é que eu tive que decidir, agir, e escolher
em coisas que eu não sabia como,
tão pouco como me posicionar - utilizaram disso, mesmo que sem querer.

Não está funcionando,
porque eu queria que fosse calmo,
eu queria que se resolvesse.
Mas eu tenho que entender, não será
de um dia para o outro...

Não é questão dela,
não é questão de outra...
foi de acordo com a perspectiva que se tinha.

E então...

Foi sentido, foi assumido, agido, e consentido também - quis-se assim.

Furto então, aquelas palavras para me superar, buscar calma no eu, e deslumbrar além...
Pois:
Foi,
siga,
sem pressa.
Acredite vai chegar.

Aonde?

Eu não posso precisar,
mas o que posso dizer,
é que vai chegar!

Um dia em cada lugar,
então...
experimente
o lugar de cada coisa
até que chegue o novo lugar,
e quando chegar e ele deixar de ser novo...
vá para outro.

Esta é a beleza de chegar,
não é vazio,
é cheio de cada lugar - antes passado -,
carregado de bons, ruins, tristes e felizes.

Quando se respeitar o lugar como passageiro,
sentará-se no banco certo,
e seguirá...

Tem dias que vai estar sol no banco e vai fazer muito calor,
outros, o lugar vai estar congelando pro ar...
e terá o dia do equilíbrio,
nem muito calor nem muito frio.

É assim [...],
é pouco, mas é tudo que sei sobre viver.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Espelho

Não sei bem dizer.
Apenas ocorreu,
naquele momento a engrenagem não girou
nem uma fração.

Ali o tempo parou,
claro que não para o mundo,
mas para o eu.
Um sentimento de prisão se estabeleceu,
e ao mesmo tempo sem guia...
liberdade.

Aquela obrigação partiu,
foi-se, e já não era mais nada, senão um passado
e no futuro uma ilusão.

Me torturou,
me julgou superficialmente junto com seu egoísmo.
Simplesmente em si, e cada vez mais
não compreende,
nem questão faz.

Não é?
Pois bem, será que um dia fui?
Então dou as costas, e
sem mais visão - do reflexo -,
senão agora a frente:
caminho.

sábado, 20 de outubro de 2012

Nem existiu

E assim, ela apareceu
repentinamente no meu andar, no meu buscar a encontrei.
No seu olhar me encantei,
me vi em um mar infinito... um brilho,
que me estagnava como um admirador sem hora e nem compromisso.

Cidade maravilhosa, mulher encantadora.
Eu, desbravador de uma noite,
e daí houveram noites sem fim.
Coração e sangue, ao lado de uma mulher de concreto, aço, bosques e céu.
Vivendo na cidade de pele, osso, seios e mãos.

Indescritível, caminhos diretos ao deslumbre do impossível.
Daquele toque... restou toque e o último beijo.
E a cidade floresceu, desmembrou-se,
avenidas tomavam a mulher,
que seguia fluente, cedente, e cedeu...
a avenida ficou pequena, torpe, sem cor,
naquele emaranhado de prédios, já não há mais luzes, apenas o opaco.

E para a avenida partiu,
a estrada a consumiu e sendo pequena,
então ao voar: mundo.

Eis, então, o resto que ficou.
Contento-me, diante da mentira de um alguém,
de um ser visto.

Visão incoerente, e dispersa do que me consideram.
Afinal, e por fim, nunca considerarão o que há de fato,
o que arde, o que se sente: um coração, só.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

A posteriori

E irá.
Será?
Voltará?
Manterá?
Existirá?
Possibilitará?
Constará?
Deixará?
Partirá?
Acontecerá?
Jazerá?
Amará?
E não irá.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Recado ao ninguém

Eu sei, que para as pessoas a verdade é mentira.
Para os adultos a opção, é irrelevante.
Para o mundo, a merda, é a máxima de um rumo.

Infelizmente passaram anos,
meses, dias, rumos e fiados,
mas eu não consegui.

Eu novamente não me adaptei,
me conturbei;
achei que a anedota era mais engraçada do que de fato.
E em cada ato,
cada vez mais, me ridicularizei e não acreditei.

Eu tento,
mas não me atento,
não crio e não me atino.

Não consigo vender,
até de graça e com dignidade ofereço minha moral...
não adianta.

É, infelizmente sou assim.
Sem noção, sem - literalmente - refrão,
nem reflexão, nem condição.

Sendo assim: nada.
Passar bem.

domingo, 3 de junho de 2012

É amor

Se eu soube o que é ódio,
então,
agora eu descobri o que é amor.

Se antes a escrita foi deturpada,
cruel, perversa...
jazeram algumas ocupações.

Pois me entrego,
me encanto e venero,
sinto, contemplo
e assim ao tempo...

O tempo já passou,
já foi difícil, transtornado,
mas a vida continuou,
e agora simplesmente: eu ao seu lado.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Se não for assim, não será

Ah... "por hoje é só pessoal",
que o malogro fique de lado...
não é questão de felicidade,
mas me dispus a mim.

Que o torpor,
"Amanhã eu penso nisso",
pois eu quero é festa.

Há densidade,
então vamos além...
pois é pouco,
e o que me resta é nada,
ninguém.

Eu não quero mais
nem saber,
nem descobrir,
nem tentar.

Que o gole engula
a seco,
sem gelo,
sem taça...

Que o intenso - sem estrutura -
entenda que já foi,
não há,
e nem terá.

Mais um copo,
mais um trago.

E pronto...

Aversão

O fato é que não deu, e não dá.
A realidade é um reflexo, que está entre os cacos do espelho.
O discernimento, está dissolvido em um liquido muito turvo.
A fala, acompanha a correnteza inexistente.
A verdade, estagnou.
A caminhada, está em círculos.
Dentro está tênue.
Fora está instável.
A loucura... dopada.

E o eu... já foi,
não é, e não há.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Lucidez?

E se eu não tivesse feito as perguntas erradas?
Minhas andanças, se não fossem desviadas?
Minhas perspectivas, se não fossem deslumbradas?

Meus anseios, se não fossem diversos?
Meus pensamentos, se não fossem dispersos?
Meus passos, se não fossem incertos?

Eu quero o minuto infinito,
as horas arrastadas como o ano.
E daí?

Se meu cimento é torto.
Se meu papel nem sempre tem escopo.
Se meu ser desagradável pode ser um estorvo.

Quero que meu saber seja burro, ingênuo,
sem noção, sem nada...
diferente de você: concreto;
para que nossa ideia não seja compartilhada.

E que meu norte me aponte
ao inverso, sem tino, sem nexo.
Ao menos perdido, sempre haverá algo novo
e bem longe do seu previsível.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Na toca do lobo

Que enjoa, que pasme.
Prefiro credibilidade,
do que o provisório.

Que quebre, que ame.
Será denso,
frações, e inteiros. 

Que preze, que clame.
Será extenso,
conturbações, e anseios.

Que doa, que rasgue.
Prefiro verdade,
do que o ilusório.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Cara Valente


Não, eu não vou mais dobrar
Pode até se acostumar
Eu vou viver sozinho
Desaprendi a dividir
[...]
Olha lá, eu não sou feliz
Sempre digo
Que sou do tipo cara valente
Mas, veja só
Eles sabem
Esse humor é coisa de um rapaz
Que sem ter proteção
Fui me esconder atrás
Da cara de vilão
Então, não faço assim moça?
Não boto esse cartaz?
Vocês não caem, não?
Ê! Ê!
Eu não sou de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver na pior
Ê! Ê!
Eu não sou de nada
Oiá!!!
Essa cara amarrada
É só
Um jeito de viver nesse mundo de mágoas 


(adaptação: Cara Valente, Maria Rita)